coração que bate

Dissociação. Encontro-me neste estado de dormência corpórea, a conter uma inquietação muda.

Não sinto os limites do meu corpo mas se fecho os olhos ao mundo, o pulsar do meu coração torna-se no fio ténue que me liga à existência no presente.

Mas não parece meu este bater. Parece um órgão pulsátil suspenso, auto-sustentado, no meio de uma névoa vasta. Mal se vê. Mal se sente.

O coração na neblina. Bate até quase explodir mas não rebenta. Não cede.

Sinto-me inquieta, nervosa. Como um animal faminto mas sem instinto para o guiar. A fuga do vazio engole a consciência de mim. A minha bússola, onde está? Não a encontro!

Estou em piloto automático, sem Norte. Seria bom? Como pode ser bom? Estou dissolvida no tempo, sem lugar no espaço. Não existe bom nem mau aqui.

Será esta a única forma de dar passos na escuridão? Sonâmbula. Talvez conheça agora a insustentável leveza do ser.

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